Preocupação com pandemia faz seguro de vida crescer 10,2%

Na contramão da economia, que encolheu 5,9%, mercado segurador avança 2,8% no semestre

A pandemia atingiu em cheio a economia. No primeiro semestre, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 5,9%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas nem todos os setores sentiram efeitos negativos. Os ganhos das atividades financeiras, que incluem os seguros, cresceram 2,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Boa parte desse crescimento pode ser explicada pelo aumento da demanda pelo seguro de vida, que cresceu 10,2% de janeiro a julho, de acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep).

No primeiro semestre, a MAG Seguros vendeu 8% a mais de seguros de vida em Minas Gerais. “É curioso pensar que, num momento em que o desemprego está maior e as pessoas estão com menos dinheiro no bolso, o mercado de seguros continue a crescer. Mas é que a pandemia fez as pessoas ficarem mais preocupadas e, assim como acontece em toda crise, seja econômica, política ou de saúde, elas procuram mais proteção não só para o patrimônio, como para as famílias”, afirma o superintendente regional da MAG, Ronaldo Gama.

Dentro do segmento voltado para pessoas, o seguro de vida foi o único que cresceu. Segundo a Susep, o aumento foi de 10,2%, enquanto os prestamistas, acidentes pessoais e demais produtos tiveram quedas. “A conjuntura de pandemia e a necessidade latente de proteção e entre os que mais chamam a atenção estão os produtos de vida, auxílio-funeral e doenças graves, que contribuem para que as pessoas fiquem menos vulneráveis financeiramente em casos de doenças, acidentes ou mortes”, afirma o presidente do Sindicato das Seguradoras (SindSeg MG/GO/MT/DF), Marco Antônio Neves.

Com a pandemia, todos passaram a se preocupar mais com a saúde, mas, para o grupo de risco, essa preocupação tem sido ainda maior. Um temor que fica mais palpável com as estatísticas do seguro específico para diabéticos. Em 2019, a insurtech WinSocial criou um modelo de seguro especialmente pensado para quem tem diabetes. Neste ano, o número de clientes quadruplicou. “A pandemia revelou ainda mais a importância de proteção financeira para quem é do grupo de risco. Em janeiro, tínhamos 250 clientes. Agora são mais de mil”, afirma o diretor da WinSocial, Rafael Rosas.

Para tornar o preço mais acessível, o produto leva em conta não apenas a doença, mas o estilo de vida do segurado. “A partir das informações como o controle da glicemia e os hábitos do dia a dia, nosso modelo atuarial calcula uma nota, e, quanto mais saudável, melhor é a condição do preço”, explica Rosas.

Diagnosticada ainda bebê com diabetes tipo 1, a estudante de medicina Sara Faria, 23, viu no modelo uma oportunidade de ter um seguro de vida mais acessível. “Se você tem diabetes e vai fazer seguro de vida, o fato de ter uma doença crônica acrescenta um valor. Esse produto, além da vantagem financeira, ainda me incentiva a melhorar o estilo de vida”, destaca Sara.

“Esse seguro avalia minhas condições, como nível de colesterol e glicemia, e estimula a melhorar a qualidade de vida. Quanto mais saudável, mais barato.”
Sara Faria, 23
Estudante que tem diabetes tipo 1 

Carros

A receita de seguros para automóveis caiu 5,3% de janeiro a julho, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep). De acordo com o presidente do Sindicato das Seguradoras (SindSeg MG/GO/MT/DF), Marco Antônio Neves, as vendas de carros caíram, tanto para veículos novos, com a paralisação das montadoras nos primeiros meses da pandemia, como para usados.

Outra explicação está na redução dos preços das apólices. “Um dos principais componentes do custo de uma apólice de seguro são os sinistros. Como o número de acidentes, furtos e roubos de veículos foi menor nos primeiros meses, em função de as pessoas terem usado menos seus veículos, foi possível conseguir diminuição dos valores. É importante ressaltar que preço de seguro de veículo é personalizado e flutua e leva em conta o risco. Portanto, quanto menores são as ocorrências, mais baixos são os preços”, justifica Neves.

Fonte: O Tempo

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