As vendas de Natal surpreenderam negativamente o comércio mineiro. Apesar de uma queda dos números já ter sido prevista anteriormente para a data devido aos reflexos da pandemia da Covid-19, os resultados foram ainda mais negativos, segundo entidades do setor.
De acordo com os dados da Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (AloShopping), 88,4% dos empresários ouvidos pela entidade afirmaram que as comercializações recuaram em relação ao mesmo período do ano passado. A pesquisa levou em conta o período de 1º de dezembro até o último dia 24.
Ainda conforme os números divulgados pela AloShopping, as vendas no fim de 2020 apresentaram uma retração média de 26,16% quando comparadas ao Natal de 2019.
O que ajudou a puxar os números para baixo foi o valor do tíquete médio. O superintendente da AloShopping, Alexandre França, conta que se a média de preços dos presentes de Natal nos shoppings girava em torno de R$ 220, o valor caiu para R$ 160 neste ano.
“Essa queda tão alta nos números não estava prevista. O setor estava melhorando passo a passo”, destaca França.
De acordo com ele, foram vários os motivos que contribuíram para que o período que compreende o Natal, data tão aguardada pelo comércio, não tenha sido o responsável por um volume tão grande de vendas em 2020.
Entre esses fatores estão o possível fim do auxílio emergencial, medida governamental para as pessoas de baixa ou nenhuma renda, e o fato de o fim deste ano não ter tido a realização de determinados eventos.
“O setor de vestuário, por exemplo, foi muito afetado, uma vez que não houve a realização de eventos como festas de formatura”, salienta o superintendente da AloShopping.
Presidente do Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato também destaca que o Natal deste ano foi de queda para o setor, que esperava resultados um pouco melhores. Alguns dos fatores que contribuíram para isso, diz ele, foram o desemprego e o endividamento das famílias.
“Os números estavam começando a crescer. A gente havia imaginado que dezembro deste ano seria pelo menos 90% do que foi dezembro do ano passado”, destaca ele.
Ações – Diante de todo esse cenário desafiador, relata Donato, os estabelecimentos do setor têm feito uma série de ações para seguir em frente. “Eles estão se reinventando, fazendo vendas on-line e promoções”, conta. “As vendas on-line têm ajudado, mas elas não recuperam as perdas”, salienta.
Sendo assim, mesmo com todas as ações que têm sido feitas, avalia o presidente do Sindilojas-BH, o primeiro semestre do ano que vem ainda deverá ser difícil. No segundo, afirma ele, talvez venha a recuperação.
Nesse cenário, aliás, os dados da AloShopping mostram que 48,5% dos lojistas não estão nem otimistas e nem pessimistas no que diz respeito às vendas de 2021. Já 45,7% estão com o grau de confiança baixo ou muito baixo em relação às comercializações no próximo ano.
COVID-19 PAUTARÁ REUNIÃO COM KALIL
Em meio às vendas de Natal menores neste ano, há mais um desafio pela frente para o comércio da capital mineira: a disseminação maior da Covid-19 e as suas consequências não só para a saúde, mas também para a economia.
Conforme confirmou o presidente do Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato, será realizada uma reunião amanhã com o prefeito Alexandre Kalil para decidir os rumos do comércio e se haverá ou não mais uma interrupção das atividades.
Os números da doença têm se mostrado preocupantes. A ocupação de leitos de UTI na capital mineira ontem aumentou cinco pontos percentuais desde o dia 24 de dezembro, atingindo 80,2%. O número indica alerta vermelho.
Os últimos dados divulgados pela Prefeitura da Capital também mostram que 61.825 pessoas já foram contaminadas pela doença em Belo Horizonte, sendo que 1.839 morreram.