A recuperação ainda lenta e gradual do consumo das famílias descarta uma eventual ameaça de pressão de demanda sobre a inflação oficial no País, avaliou Pedro Kislanov da Costa, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,11% em agosto. A taxa acumulada em 12 meses ficou em 3,43%.
“O que a gente nota é que o consumo das famílias tem tido crescimento lento, gradual. A taxa de desocupação caiu, mas essa criação de empregos tem se dado, principalmente, pela informalidade, que normalmente paga salários mais baixos. A massa de salários está estável. Então é difícil a gente pensar em inflação de demanda com essa recuperação lenta ainda, gradual, e baseada na informalidade”, justificou o gerente do IBGE.
Em agosto, houve pressão da alta da tarifa de energia elétrica, com a entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha patamar 1 em substituição à bandeira tarifária amarela que vigorou em julho.
Para o mês de setembro, haverá manutenção da bandeira vermelha patamar 1, mas é esperado o impacto de uma redução da tarifa de energia elétrica em São Luís, em vigor desde 28 de agosto. Por outro lado, a Petrobras autorizou reajuste de 3,50% no peço da gasolina nas refinarias em 27 de agosto.
A boa notícia para a inflação no País nos próximos meses pode vir do campo. A nova safra recorde de grãos prevista para este ano tem potencial para manter os preços dos alimentos comportados, confirmou Kislanov. “Espera-se que sim. Lembrando que a safra recorde de 2017 se refletiu em quedas nos preços dos alimentos. Mas não dá para ter certeza absoluta, ainda depende de fatores como chuvas, condições climáticas”, acrescentou.
Os preços dos alimentos recuaram 0,35% em agosto, após a ligeira alta de 0,01% registrada em julho.
“Nos primeiros meses do ano tivemos problema de chuvas. Isso gerou restrição de oferta. Agora, com o clima mais ameno, melhorou a oferta”, lembrou o gerente do IBGE.