Em Minas Gerais, os pedidos de auxílio-desemprego totalizaram 62.274 em julho, com queda de 11,46% frente a junho. Os pedidos também ficaram 12,3% menores quando comparado com o sétimo mês de 2019, quando as solicitações somaram 71.012. Conforme os dados do Ministério da Economia, no Brasil, assim como em Minas Gerais, os pedidos também recuaram.

Em julho, foram 570.543 solicitações para o seguro-desemprego, retração de 12,7% sobre junho e de 8,8% ante mesmo mês de 2019. O movimento menor pode significar um início da recuperação econômica e da criação de vagas, porém, o processo deverá ser lento e gradual.

Além disso, é importante observar os cenários constantemente, uma vez que ainda são muitas as incertezas em relação aos impactos causados pela pandemia do Covid-19. De acordo com o economista e professor do Ibmec BH, Glauber Silveira, é tendência é de uma recuperação gradual dos empregos.

“Ainda estamos convivendo com o vírus e, por isso, temos muitas incertezas do que irá acontecer no mercado de trabalho. O que percebemos, no momento, é um movimento de menos pessoas acessando o seguro-desemprego. Também tivemos resultados positivos no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostra a ocupação formal.Em Minas, no último levantamento, de junho, foi registrado saldo positivo. Mas, é preciso ter cautela pelas incertezas provocadas pelo Covid-19. Só teremos uma clareza melhor com o passar do tempo, com a retomada da economia e, principalmente, com uma vacina que elimine o quadro de incertezas”, pondera Silveira.

O menor volume de pedidos de seguro-desemprego e o saldo positivo no Caged podem indicar o início de uma retomada do emprego. Segundo Silveira, observando os outros países que já passaram pelo pico da pandemia, o pior pode ter passado no Brasil.

“A contaminação no Brasil ainda está em um platô, onde o número de óbitos e infectados não cai. Isto deixa a gente sem ter certeza de que o pior já passou. Mas, observando o cenário em outros países, o pior já passou. O mercado externo tende a se aquecer e demandar mais, o que vai elevar as exportações nacionais e estimular as atividades econômicas. Acredito que o pior já passou, mas é preciso cautela”, recomenda o especialista.

Comércio – Em relação a Minas Gerais, com a reabertura do comércio em vários municípios, agora incluindo Belo Horizonte, pode haver uma recuperação dos postos de trabalho, que será lenta e gradual. “Com a reabertura, a economia vai sentir de uma maneira mais forte essa retomada. Poderemos ter uma melhoria nos postos de trabalho, uma vez que a atividades do comércio responde por dois terços da atividade econômica mineira, na medida em que o comércio for retomado, vamos perceber uma maior geração de empregos”, explica Silveira.

Para o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), Rodolpho Tobler, desde junho, o mercado de trabalho vem mostrando reações menos negativas. Porém, é importante lembrar que a recuperação ocorre na comparação com bases muito baixas.

Tobler cita o estudo da FGV, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), que em nível nacional subiu 9,2 pontos em julho, para 65,9 pontos, recuperando no trimestre maio-junho-julho cerca de metade das perdas do trimestre fevereiro-março-abril.

“Esta foi a terceira alta consecutiva do IAEmp e sugere uma continuidade no movimento de recuperação do mercado de trabalho. Mas, apesar das altas significativas, o indicador se mantém em níveis muito baixos em termos históricos. Por isso, é preciso cautela das empresas para contratar em função da elevada incerteza e da dificuldade em se vislumbrar uma retomada rápida da economia. Para os próximos meses, a expectativa é de continuidade desse cenário de retomada gradual”, analisa Tobler.

De acordo com o economista, a queda nos pedidos de auxílio-desemprego pode sugerir que o efeito maior da pandemia ocorreu em abril e maio, quando foi necessário que as empresas ajustassem o quadro de funcionários. “Os meses de junho e julho indicam que o ritmo de demissões ficou menor, o que reduziu os pedidos do seguro-desemprego. Esse é o primeiro passo para a retomada”, ressalta o especialista.

Tobler alerta que é preciso observar o cenário no médio prazo, uma vez que muitas empresas adotaram as medidas lançadas pelo governo federal para preservação dos postos de trabalho, como a suspensão dos contratos de trabalho, o que também garantiu uma estabilidade do funcionário na retomada pelo mesmo período em que o contrato ficou suspenso.
Com a retomada das atividades, será importante avaliar a situação, uma vez que a tendência é que a reabertura aconteça com um desempenho menor que o visto antes da pandemia, podendo gerar novas demissões do pessoal que estava protegido pelas medidas.

“A retomada acontecerá com uma economia muito lenta, desemprego elevado e renda das famílias afetadas, o que prejudica o consumo, por isso, é importante observar. A segunda preocupação é saber se as empresas que demitiram terão condições de recontratar. Mas, parece que o pior momento já passou. A velocidade de recuperação será lenta e a confirmação de uma vacina contra o Covid-19, até o final do ano pode ajudar”, avalia Tobler.

Fonte: Diário do Comércio