Das 114.405 vagas de trabalho fechadas nos primeiros seis meses de 2020 em Minas Gerais, que representaram o terceiro pior resultado do semestre entre as unidades da Federação, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, 75.405 ou 65,9% foram de pequenos negócios. O saldo é o pior já registrado por micro e pequenas empresas (MPEs) na primeira metade de um exercício ao longo dos últimos dez anos.

O número é fruto das medidas de distanciamento social em combate ao Covid-19, que incluem a suspensão de diversas atividades econômicas por todo o Estado. Conforme levantamento do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), março, abril e maio foram os meses em que o impacto foi mais devastador sobre os pequenos negócios. No total, nestes 90 dias a diferença entre o número de contratações e demissões no segmento foi de menos 100 mil empregos.

Por outro lado, conforme o gerente do Sebrae Minas, Felipe Brandão, entre junho e julho já foi possível observar o início de uma retomada, ainda que lenta, principalmente nos setores de indústria e comércio, devido a flexibilização das medidas de distanciamento social.

“Ainda estamos muito distantes do estágio pré-crise. Mas só de ter parado de piorar, já é um bom indício. Os 75 mil postos fechados nos primeiros seis meses deste ano tornam-se ainda mais preocupantes quando comparamos com a recessão de 2015 e 2016, quando as MPEs geraram saldo positivo de 22 mil empregos, mesmo diante do cenário igualmente desafiador”, analisou.
Fragilidade – Para Brandão, uma série de fatores provocou o movimento. O primeiro deles, o ineditismo da crise, uma vez que a pandemia afetou grandes e pequenas empresas ao mesmo tempo. E também a fragilidade dos pequenos negócios.

“Normalmente, uma crise afeta primeiramente as grandes empresas, que desempregam e reduzem a massa salarial e o dinheiro circulante na economia, até impactar as empresas de comércio e serviços. Desta vez, o efeito foi um só, e todos foram prejudicados ao mesmo tempo. Além disso, as pequenas geralmente não possuem capital robusto, não praticam uma gestão minimamente razoável. Tudo isso junto acentua as consequências”, explicou.

Em relação às medidas do governo, como crédito, suspensão de contrato de trabalho, redução da jornada, entre outras, o especialista ressaltou que talvez elas não tenham sido empregadas na velocidade adequada. Ele lembrou também que o “problema crônico” de informalidade do segmento dificulta ainda mais qualquer ação governamental.

O levantamento do Sebrae mostrou ainda que no primeiro semestre do ano passado, 260 municípios mineiros apresentaram déficit no saldo de empregos. Em 2020, o número praticamente dobrou, chegando a 502 cidades. Em algumas regiões, como a Central, o resultado foi ainda mais crítico. Para se ter uma ideia, nos seis primeiros meses de 2019, houve superávit de 22 mil novos postos de trabalho. No mesmo período deste ano, o quadro foi invertido, com 51 mil vagas encerradas.

Além disso, com exceção da região Noroeste, que registrou saldo positivo de 2.561 vagas de emprego, todas as outras regiões mineiras tiveram resultado oposto ao observado no primeiro semestre de 2019. Os piores números foram registrados nas regiões Central (-51.532), Zona da Mata e Vertentes (- 18.525) e Sul (- 15.122).

As maiores retrações foram observadas nas cidades de grande e médio porte, especialmente naquelas em que a indústria tem um papel importante, como Belo Horizonte (-48.627), Juiz de Fora (-8.185), Nova Serrana (-7.320) e Contagem (-7.185).

Fonte: Diário de Comércio

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